Certezas


Dizem que os sábios têm muito poucas certezas, talvez nenhuma, não conheço nenhum sábio e sinceramente acho que eles não existem verdadeiramente, mesmo os que se auto intitulam ou são por nós intitulados como sábios, mas se existissem, não poderiam ser meros pensadores, teriam que ser revoltados e atuantes, não em causa própria, mas sim daqueles abandonados a “sorte” da miséria. Se a sabedoria, por princípio busca a paz e a felicidade do conhecimento, é impossível imaginar alguém feliz com o sofrimento de crianças por aí, só se a desumanidade for a chave para a felicidade deles, ai sábios existem aos milhões...
Perdoem-me a grosseria. Perdoem-me a brincadeira, mas um sábio sem atitude, omisso e inativo, é pior para sociedade, do que uma bela mulher virgem, assexuada, inativa e por fim grosseira é sexualmente falando, não serve para muita coisa (num olhar feminino, um homem belo, virgem, assexuado, impotente, inativo e por fim grosseiro; o mesmo vale para um olhar livre, um possível parceiro, belo, virgem, assexuado, impotente, inativo, grosseiro, incapaz mentalmente de amar e ser amado, para quase nada serve, sexualmente)...
 
De qualquer forma, diferentemente, tenho muitas certezas: Que pouco sei. Que quanto mais sei, mas tenho a certeza que muito mais falta para saber. Que quando muito entendo por aproximação. Que nunca enxergarei toda a verdade. Que nunca saberei por que existe algo ao invés de nada existir. Que nunca saberei se vai dar cara ou coroa, até ter lançado a sorte. Se o teorema da incompletude é realmente completo. Que apesar de claramente saber a meia vida de todos os elementos, nunca saberei exatamente qual átomo especifico decairá. Que nunca saberei exatamente se a origem da vida é totalmente local, ou pertencemos a uma panspermia. Qual poderia ser o referencial totalmente inercial para nossos estudos. Que se o fenômeno é importante, e o positivismo teve sua necessidade de ser, a realidade é muito mais importante, o submundo das engrenagens reais é o que faz a diferença, por isto sou um realista. Sei que a vida, a biologia que saltou em complexidade do físico-químico é maravilhosamente importante. Que o social e o coletivo são mais importantes que o individual. Que nunca saberei o momento exato de minha morte. Que nunca conhecerei a morte frente a frente, pois que vivo não sei o que é a morte, e morto, não terei como saber o que ela é. Enfim tenho a certeza de que no máximo sempre saberei muito pouco do que realmente é básico para o nosso conhecimento.
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 26/08/2013
Código do texto: T4453330
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