Sobre recordações
É estranho como lembro de rostos que não sei mais o nome, ou de nomes que já não me lembro as feições. Pessoas que nunca imaginei que hoje estariam no meu baú de recordações; pessoas que conheci há tanto tempo e hoje não sei por onde andam; pessoas com quem conversei, ri, brinquei ou briguei; pessoas que beijei, que magoei e nunca tive a chance de me desculpar, retratar.
Fragmentos de lembranças: risadas, olhares, cheiro, sabor e mais risadas.
As rotinas eram mais leves, as pessoas mais espontâneas e presentes.
Às vezes ao visitar um lugar, tenho a impressão de ver um rosto conhecido, minha vontade é ir lá e perguntar, conversar... mas a incerteza me paralisa. E sobre o quê conversaríamos? Cada um seguiu sua vida, não temos mais nada em comum a não ser alguns momentos divididos...
Lembro das músicas daquela época, das dancinhas. Do meu primeiro porre, do meu primeiro fumo, que experimentei para discursar sobre como é ruim.
Pessoas que chamei de amiga, que achei que estariam sempre comigo, mas que a vida tratou de levar pra longe.
É triste como amigos se transformam em estranhos. E estranho como sinto saudade de pessoas que nunca tive.
Rachel Marques
(02/04/12)