Eu andava aos tropeços, tentando não machucar-me nos cantos invisíveis que minha memória não gravou; cantos dos móveis na penumbra.
As sombras assombravam meus olhos com movimentos estranhos, percebidos com pavor. E apavorada, eu andava...
A escuridão que me envolvia não cobria tudo ao meu redor com seu manto negro. Não! Contornos, objetos inteiros vistos e reconhecidos, mais pela familiaridade, como se minha mente me presenteasse com coisas nas quais antes, nenhum olhar  mais demorado merecessem de minha parte. Adquiri coisas que compunham minha casa e, não as percebia mais. A novidade é guardiã do interesse, que é por sua vez, retirado pelo passar do tempo.
Sombras que me mostravam, mais do que escondiam, porque eu precisei olhar com olhar atento.
Alguém acendeu a luz e tudo voltou ao normal. Olhei ao meu redor com carinho e perplexidade. Como meu lugar é lindo...
A luz acesa me mostrou algo mais: se sombras houveram, outra fonte de luz estivera o tempo todo ali, na ausência daquela há tanto tempo descoberta pelo homem.
A luz que coisas tantas devolveram aos meus olhos através de sua projeção de sombras, era a da lua.
Ela sempre esteve lá, sempre me convidando a aguçar o olhar, demorar-me mais no andar, tocar as coisas ao meu redor com mais respeito.
A natureza e sua grandiosidade... O homem e sua racionalidade...
Luz e sombras, ou, Sombras da luz...



 
miriangarcia
Enviado por miriangarcia em 31/08/2013
Reeditado em 02/09/2013
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