Um destino final


Um destino final? Todos temos, é a morte.
Não, um destino final para ancorar o balão a ar de meu viver. Todos queremos. É tudo que queremos, desde que este destino fosse a felicidade, e é tudo que rejeitamos, se o for o da dor, o do sofrimento ou o da miséria.
Como saber? Como acreditar que um rosa jamais me ferirá? Como crer que a felicidade possa existir em plenitude? Como esperar por algo que talvez não exista?
Crer em algo não torna este algo possível ou o torna mais real.
Cruzo mares de tempestades, voo por céus de alegria, me enterro no caos do que é real e não sou por isto menos real.
A predição está presente, mas o caos está a espreita, necessário apenas tempo, mais ou menos tempo, e toda predição, a menos a da morte, se fará um caos.
A morte seria assim o caos do caos, o fim do predito pelo caótico do próprio caos que o predisse.
Congelado, em brasa me fluidifico como aquele que nada é por ser algo, como aquele que rodopia em pleno estado de inércia absoluta, como aquele que encontrando o referencial dos referenciais se equilibra em pleno descompasso de massas e de energias.
Uma única hora parece uma eternidade, no presente que passa em plena eternização do que ele mesmo é, e pode ser.
Somo humanos, somos animais, somos corpo, e por isto podemos ser mente. A semente do cérebro que desabrocha em seres mentais.
Sendo matéria podemos ser o ser que nos faz ser o que somos, e por isto nos ilude como algo superior ou espiritual, mas somos física, química, biologia, mente e social. A escalada exponencial de complexidade se faz predição do caos que nos leva da física básica a química normal, daí a biologia não natural, a um cérebro material e de complexidade quase infinita que permite a emergência do ser que somos pela mente do que temos em processo sustentado por neurônios não menos físicos, mas se o salto ao absurdo da mente já foi enorme, imagina milhões de mentes cerebrais agindo no mesmo espaço tempo, faz da complexidade social algo absurdamente complexo.
 
Se meu coração bate hoje, amanhã pode mais não bater, amanhã posso mesmo não precisar de coração, posso amanha mais nada ser, ou ser um ser em um ser não biológico humano. Poderá chegar o dia em que nossa mente poderá ser baixada para circuitos “bioelétricos”, mas aí parte do caos terá sido controlada para um novo caos surgir, aquele do animal físico.
Será que valerá a pena? Sinceramente não sei. Só sei que se não nos destruirmos antes, este será o caminho, homens máquinas, sem nada parecido com espirito, mas com “vidas” mentais de seres viventes enquanto processos “neurocomputacionais”, quânticos ou não...

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 08/09/2013
Reeditado em 08/09/2013
Código do texto: T4472870
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