Mania de que?

Tenho mania de lavar as mãos. Durmo do lado direito e com os cabelos postos cuidadosamente para o lado esquerdo, como se não fosse assanhar. Quero me meter nas conversas alheias, principalmente quando sei que algo está errado. No ônibus, na lanchonete, no supermercado, na faculdade, em qualquer lugar. Mas, quem sou eu para dizer o que é certo ou errado?

Vivo estalando os dedos e também arranco cabelos. Choro embaixo do chuveiro. Detesto escrever no final da folha e só estudo quando quero. Não saio sem café e, sim, sempre saio ligeiramente acompanhada da impressão de que esqueci alguma coisa. Penso que chinelos não foram feitos para se usar em casa. Estou sempre descalça e, consequentemente, sendo advertida dos riscos que isso pode me trazer. Minha mãe também tem manias.

Acordo cedo e adoro quando o sol vira despertador. Tem coisa mais linda que acordar banhada de luz? Sonho com um guarda-roupa multifuncional, que se arrume sozinho e me aponte, entre uma roupa e outra, a melhor escolha. Falo sozinha, falo com o espelho, mas só empresto minha voz a quem merece. Sempre achei que conheço as pessoas pelos olhos. Na maior parte das vezes, funciona.

Abomino as novas regras ortográficas. Não uso isqueiro. Abro a geladeira uns cinco minutos antes de saber o que quero. Quando não quero, aproveito a viagem. Tenho fascínio por vírgulas e acabo por excedê-las, coitadas. Calço o pé direito antes do esquerdo. Não como nada sem que reste migalha, uma pequena lembrança de que estive ali (mentada), embora muitas vezes as marcas fiquem na roupa o que, obviamente, não esquecerei tão cedo.

Rio de piada velha, no meio da aula ou do caminho, sozinha ou acompanhada. Ache-me louca quem quiser. Dentre todas essas manias, uma se sobressai: a mania de ser eu.

Natália Meneses
Enviado por Natália Meneses em 13/09/2013
Código do texto: T4480259
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