Um alguém clichê

Hoje farei tudo diferente

sentarei naquele Café dos Amantes

bem na janela que dá para a igreja colorida

ao som de um certo romance

As coisas do lado de fora

serão apenas barulho monótono

de uma cidade lacrada, abstrata

cheia de fótons

O capotraste ficará na quinta casa

e a agudez da sonoridade

soará por todo o estabelecimento

cheirando a café e saudade

A moça esperando cuidadosamente,

nem imagina como arde por dentro

por dentro de um corpo sentado

incendiado, sufocado e sedento

Ela traz um café, dois, três depois

descafeinado, sem açúcar ou expresso

O quente do café anula o ardor

daquele corpo tão complexo

Aquele corpo serei eu

inseguro dos porquês

querendo não mais ser fantoche

vivendo de clichês

Como explicar os clichês,

se todos são a mais pura das verdades?

e apenas um alguém clichê entende

como dói a sociedade

sousaluls
Enviado por sousaluls em 08/10/2013
Reeditado em 12/11/2013
Código do texto: T4516228
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