PALHAÇO

A vida que escrevi em partituras... de frases, de venenos, de luxuria; num ponto de loucura depravada... por mim - te digo sim - foi assinada. E nessa tão sutil assinatura, no topo do abismo de ternura... eu fiz do gris o azul - em tom poente, eu fiz do choro a sós - riso estridente. Daqueles mil desenhos entre rimas... em notas desta louca sinfonia... fazendo noite e dia entre aspas... no melhor dos entretons eu ganhei asas. Mas cheguei nesta vida feito velho... e mais velho desta vida é que eu parto. Não tenho muitas lembranças de criança... nem sei se fui criança neste lado. No templo desta vida que ganhei... o circo deste mundo foi meu palco. Das minhas poucas lembranças de pequeno... Eu lembro que fiz rir como o Palhaço. (Adriano Hungaro)