Sobre o preconceito pela cor da pele

Pessoal, sejamos realistas. Da onde poderia ter vindo o preconceito? Afinal ele é algo tão enraizado em nosso ser que parece até que já veio de fábrica e, sequer, sabemos pensar à fundo sobre suas origens. Pois eu digo, através de inúmeras reflexões, da onde ele veio.

Cheguei à conclusão de que o preconceito tem uma serventia muito grande para a sociedade, principalmente para aqueles que são de classes consideradas dominantes. Quando a escravidão começou aqui no Brasil era dito que negros e índios não tinham alma, então poderia-se cometer todo e qualquer tipo de abusos sem sentimento de culpa. Essas pessoas eram usadas para trabalhos pesados e nada ganhavam, senão, chibatadas para tudo que se considerava um desacato ou afronta ao dito patrão, nem direito de ficarem doentes elas tinham e faziam jornadas de trabalho para lá de esticadas. Além disso, tinham um preço e eram tratados como meras mercadorias e, como cavalos, os compradores olhavam seus dentes para saber de sua saúde. Assim era a realidade dos negros há pouco mais de 500 anos aqui neste país, ou seja, não é tanto tempo assim, levando-se em conta que várias pessoas têm chegado à 80 ou 90 anos de vida.

Se notarmos bem, os mais preconceituosos são aqueles que dizem que o negro é pobre porque não corre atrás para crescer na sociedade, são vagabundos. Vamos parar de hipocrisia? Ainda hoje muitos clarinhos, donos de empresa, não dão oportunidade para negros. Quando o negro está na faculdade ele é deixado à margem pelos demais e vira motivo de comentários desmerecedores.

Mas vamos lá, por que não é interessante que se acabe com com o preconceito? A resposta é simples, a elite é mimada e quer tudo na mãozinha assim como uma criancinha desprotegida. Ou seja, é muito cômodo que se tenha alguém para fazer tudo por ela, entregar tudo na mãozinha prontinho, limpar a casa, enfim. Afinal "tenho que trabalhar e não tenho tenho para cuidar das minhas próprias coisas, então é bom que se tenha alguém para isso". Imagine agora que o governo começou a desfazer essa distorção toda dando chance aos negros? O que a elitezinha deverá estar pensando? "E agora, como será? Não vai ter ninguém mais disposto a ser empregado doméstico, quem fará tudo por mim? Não quero sujar minhas mãos com a limpeza da casa ou colocar a mão na massa e cozinhar meu próprio almoço, já basta meu emprego, fico muito cansado!".

É aquela velha relação de dominação onde se tem os dominadores e os dominados. Os dominadores não querem perder o poder de dominação e farão de tudo para se manterem nessa posição e usarão até de argumentos espúrios para se convencerem de que lugar de negro e pobre é na senzala. Um exemplo disso é Caco Antibes, personagem do Sai de Baixo, programa mais que preconceituoso. Achei de péssimo gosto terem dito, abertamente, que não aceitam a ascensão social da empregada doméstica deles, que em um dos episódios, chegou a conseguir a comprar o apartamento deles e inverteu toda a situação. Até na TV plantam o preconceito em doses homeopáticas e imperceptíveis usando do humor para isso.

O preconceito é algo que separa e causa brigas e é exatamente esse o objetivo de quem comanda, pois, entre eles, são unidos. Quem se une não é vencido, então causam brigas em certos setores da sociedade para se manterem onde estão, de maneira organizada. Os da elite fazem casamentos arranjados até hoje, não brigam entre si, pois usam até dos meios de comunicação para exporem suas ideias e, se perceber bem, não há um canal de TV ou estação de rádio que tenha uma opinião dissonante, todos dizem a mesma coisa ou com outras palavras ou, até mesmo, com as mesmas palavras. Enquanto eles se unem, eles nos segregam e fazem com que fiquemos batendo cabeça. Eles sabem, mais que todo mundo que é a união que faz a força e morrem de medo que nos unamos.

Querem um mundo mais justo e igualitário? Pensem sem preconceito, tenham consciência de que a união faz a força. Não podemos nos enxergar pela aparência, temos que nos enxergar como seres humanos e só, simples assim. Somos todos irmãos, não há razão para que se brigue ou se subjugue alguém pela sua aparência física.