Fé no Amor

Viver, só tem me provado o quanto à vida pode ser surpreendente e imprevisível, ainda que desejemos coisas, ainda que façamos de tudo para que as coisas que desejamos aconteçam da forma como foi desejada, existe e sempre existirá a imprevisibilidade da vida para nos mostrar que a nossa vontade o nosso querer não são suficientes para tornar o “objeto” desejado, uma “realidade”.

Nesse texto que começa, com essas confusas palavras, eu quero falar sobre o amor, mas falar do amor de uma forma talvez um pouco diferente dessas que já falei outras vezes, na verdade quero falar da importância de mantermos a fé no amor, mas ai você, caro leitor, pode se perguntar; por que ele quer falar do amor, da importância de se manter a fé no amor, e inicia o texto falando da imprevisibilidade da vida? Ora, pergunta mais do que justa, e que certamente será respondida.

Ao iniciar o texto falando sobre a imprevisibilidade da vida, eu já estava falando do amor, e claro, como na maioria das vezes, vou tratar aqui de algo muito singular, algo que aconteceu comigo e me inquietou à escrever esse texto. Amor e vida são coisas atreladas, só ama quem está vivo, é preciso viver para amar, acredito que existem verdades nessas palavras, e se preciso estar vivo para experimentar essa doce e esplendorosa experiência, consequentemente, acreditarei que as circunstancias da vida, as suas vicissitudes e a sua imprevisibilidade, de alguma forma, afetarão o amor. Não vou me deter a dissertar sobre o amor e sobre a sua natureza, acredito que já fiz isso algumas outras vezes, quero falar de quem ama, e do que pode acontecer com esse ser que ama.

Amar de fato é uma experiência ontológica, o amor é algo tão intenso tão grandioso e tão divino, que muitas vezes o confundimos com outros sentimentos, recorrentemente chamamos de amor outras formas de sentimento, outras formas de sentir o outro(a) e se relacionar com ele(a), mas e daí, será que existe mesmo uma definição concreta para o que é o amor, será que eu enquanto terceira pessoa, poderia dizer, que dois amantes de fato não se amam? Acho que não, então pensemos no amor como algo que nós, seres humanos, definimos em nossa capacidade de nomear as coisas. Por estar atrelado a vida, o amor e sua continuidade e sua amabilidade, não dependem apenas de nós, amar sim, podemos amar alguém, independente desse alguém, podemos amar, ainda que essa pessoa não nos ame, ainda que ela não saiba que é amada, mas o amor em si, ele necessita desse alguém, o ato de amar não, mas o amor a sua concretização, a sua efetivação, necessita do outrem, e ai entra o X da questão. Quantas vezes a impossibilidade do outro de nos amar, a incapacidade ou até mesmo o seu não querer em nós amar, causa uma dor tamanha em nós, ou quando achamos que estamos sendo amados e nos envolvemos de forma tão intensa e traiçoeiramente descobrimos, que aquele sentimento, que o outro nutria por nós, não mais existe, não é mais amor.

A dor da perda, a dor da rejeição, a não efetivação do nosso sentimento, é de fato, uma das experiências mais dolorosas de toda nossa vida, e quem já sofreu por amor pode comprovar o que estou dizendo, as diversas frustrações dessa vida, que são causadas, pela própria imprevisibilidade da vida, ao longo da nossa caminhada, nos faz em algum momento desacreditar da vida, desacreditar do amor, e aqui, entro mais profundamente onde já deveria ter entrado antes de encher esse texto com palavras desnecessárias.

A fé é sem duvida uma experiência extremamente necessária na vida de qualquer ser humano, ela é responsável por manter as nossas utopias vivas, ela é responsável por nos fazer acreditar em coisas que não mereceriam credito. Penso que a fé é um combustível essencial para manter viva a chama do amor, a fé no amor, é algo que nos faz acreditar, mesmo em meio a todas as frustrações dessa vida, mesmo em meio ah todas as desilusões amorosas, que é possível acreditar no amor, a fé no amor é o combustível da própria vida, é a centelha que nos faz acreditar que amar é possível e mais do que possível, é extremamente necessário, então ame, ame, ainda que não seja amado, ame ainda que seja rejeitado, ame ainda que tudo na vida te faça desacreditar do amor, amar é viver, ter fé no amor, é o que nos mantém vivos, lembrem-se, a virtude de amar não está no ser amado, mas sim em quem ama.