O HOMEM TECENDO A REDE

O homem tece a rede. A aranha suga a presa: arranca dela a substância. Uma bola na rede arranca delírios, não a substância.

O atleta faz dela a substância. Uma bala faz a morte: a bala não é a morte.

A mulher tece a vida no útero tumescente. O feto comprime-se num mundo só seu, aguardando a vida-mundo. Amniótico, sereno, involucrado num mundo único.

O mundo-fora há que ser tecido com linha de amianto, numa tessitura intransponível .

O homem vê a rede, vê o mundo em sua rede. No tecido alvo alvo, vazio sonha com uma rede cheia. Abarrotada de peixe, cheia de vida.

A substância da vida sorri todos os dias com dentes pontiagudos. Foge da rede. E o homem a agarra pelos chifres.

Segue tecendo a rede da substância, a rede da vida.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 19/12/2013
Reeditado em 19/12/2013
Código do texto: T4618467
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