GARDÊNIA

Tinham empurrado sua cadeira de rodas pro jardim da casa de repouso que agora era sua morada.

Ela havia perdido tudo no acidente. O amor de sua vida, o movimento do corpo, o controle sobre o que fazer, como e onde.

Restavam-lhe cicatrizes.

Dores no corpo,na alma e lembranças.

Silêncio pleno em turbulências, e, tudo aquilo que seus olhos pudessem alcançar enquanto ela permanecesse fora do quarto.

Sem sombra de dúvidas era um belo jardim, amplo, bem cuidado, repleto de cores, cheiros e memórias.

Não sabia dizer quanto tempo passava contemplando o canteiro das gardênias. Sequer sabia dizer se tinha olhos para outra coisa.

Apenas tinha ciência que revivia o exato momento em que na igreja trocaram juras prometendo amarem-se na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza e até que a morte os separasse...

Só não imaginava que depois de feito o pacto, teria apenas sete anos de vida.