ARRANQUEI A MARGARIDA PRESA NA GARGANTA

Abri a janela e chutei com vontade a sacola com teus poucos pertences - você nunca quis deixar nada aqui mesmo e quando o fazia, eram só trapos - agora, alguém há de aproveitá-los, ao menos pra limpar sua sujeira.

Lavei, limpei, esfreguei, desinfetei - a casa e a alma da tua presença e de toda e qualquer lembrança. Ainda não sei como pude me enganar tanto a respeito de alguém.

Pus um bolero no volume mais alto que me permiti e despenquei no choro, mas ao menos consegui arrancar a margarida presa na garganta que me asfixiava a vida.

Agora já há espaço para que outras flores brotem em meu jardim.