PELA POLIDEZ, PELO MEDO, PELA TIMIDEZ

Engraxei meus sapatos vermelhos na esperança de que brilhassem tanto, mas tanto, que quando DEUS os visse lá do alto, logo ouvisse minhas preces em meio à multidão, ao burburinho, ao caos.

Caminhava segurando a bolsa, protegendo meus pertences e me protegendo da fúria, da velocidade, da pressa, da indiferença alheia.

Finalmente no Metrô, louca pra sentar, abrir meu livro e fugir dessa doideira toda, agradeci pelo banco vazio.

Tempos depois, senti um olhar fixo aquecendo minha atenção. Levantei os olhos e encontrei uma ternura tão boa me envolvendo...

Por polidez, me sorriu.

Pelo medo, me encolhi.

Pela timidez, deixei que escapasse.