Eu, Deus e a vida

Não havia aquilo, nem isso, nem tão longe. Só sei que havia lá, estagnado, parado, encontrava-se ali. Eu observava o quão absurdo parecia ser aquilo imóvel, nem parecia respirar, era incrível de certa forma, intrigante...

Daí perguntei:

-Deus, tire esta dúvida, diga-me como pode ser assim?

-Não fale, pense...

-Mas De?! (interrompido)

-Filho, pense...

Permaneci ali, por um tempo do qual não me permiti contar.

Permaneci ali, sozinho. Deus não estava mais lá, havia me deixado.

Era doloroso aquele sentimento, mas eu gostava, me senti livre, Deus havia me deixado, então assim me permiti contar o tempo sem culpa e sem ansiedade exacerbada.

Então Deus voltou e me perguntou:

-Pensou filho?

-Sim! Tanto pensei que acabei por pensar pouco, doeu um pouco no começo, mas entendi e agora eu sei.

-É isso, reflita, se intrigue, se permita, perca fé, retome-a, abuse, sinta dor, sorria, alegre-se, viva, os homens estão esquecendo de viver. Nunca se permita a isso!

E fomos embora.