Realidade.

Realidade . . . todos, sem exceção conhecem esta palavra e “sabem” o que significa. Os seres humanos em geral acreditam, que vêem a Realidade, que vivem na Realidade e que conhecem a Realidade, menos (é claro) os alienados mentais, pessoas doentes e com problemas mentais, que os levam a confundir ou a ignorar totalmente ou parcialmente a Realidade. Sua doença causa geralmente comoção às pessoas (sãs), tais como: “pobres coitados” ou “que tristeza ser assim”. Será mesmo assim a Realidade, uma coisa única e indiscutível? Mas é obvio que é! Eu acho que não.

Se Realidade fosse alguma coisa única para todos, por que entre três testemunhas de um mesmo fato, nunca há três depoimentos que sejam exatamente iguais e contenham a mesma descrição do fato? Seria uma questão de diferentes ângulos de visão? Por que entre as pessoas presentes a algum evento, por exemplo os jornalistas, há tantos artigos descrevendo o ocorrido até de formas inversas, seria uma questão de “originalidade” destes profissionais? Ou cada um deles assistiu ao evento de uma Realidade diferente, a “sua Realidade”?

O que chamamos de Realidade apresenta vários pontos em comum, pontos estes que nos foram ensinados da e na mesma forma que à toda a sociedade. Daí para a frente a interpretação dos fatos cai nas diversas individualidades presentes em nosso mundo. Cada um de nós tem sua própria realidade formada de coisas e fatos, cada um de nós vê e sente este mundo de uma forma individual e única, formando assim sua própria idéia de mundo e das coisas existentes nele. E cada qual pode (ou não) aproximar-se mais ou menos das formas aceitas como “normais”, as quais só são chamadas de “normais” devido a serem aceitas por uma maioria. Normal significa dentro da norma e norma é um dos sinônimos de padrão, o que nos diz ser normal o individuo que segue o padronizado pela sociedade em que vive, e anormal (sem norma), todo aquele que tem um comportamento diferente do padrão da maioria ou do aceito pela maioria.

Vejamos, nos primórdios da civilização ocidental por exemplo, o uso de brincos e maquiagem pelos homens era considerado “normal”, até começar pouco a pouco a ser considerado “fora do padrão”, pela nova civilização dominante (romano/cristã), a qual detinha o seu próprio padrão Em pouco tempo passou a ser aquele um padrão de identificação dos povos fora de sua cultura, os chamados Bárbaros.

Séculos depois passou a ser usado como um ato (consciente ou não) de desprezo pelos que se encontravam fora da “normalidade”, e ai principalmente os chamados piratas, também por outros excluídos de alguma forma desta sociedade ou marginais (a margem do tido como “corretamente político”).

E na atualidade volta pouco a pouco a integrar o padrão novamente, mas desta vez aceito também pela sociedade (ou praticamente aceito), já que foi adotado também pelos jovens destas classes dominantes (determinantes dos padrões), como sinal de status (os de pedras ou metais preciosos), ou de inclusão em seus grupos culturais, os quais têm seus próprios padrões estabelecidos.

Este exemplo nos mostra como uma “Realidade” coletiva pode ser diferente a cada povo em cada tempo, sendo este um fenômeno que atua sobre milhões de pessoas. Daí creio não ser difícil (ou ao menos ser mais fácil), imaginarmos que dentro de cada Ser os valores existentes são diferentes e geram conceitos de “Realidades” próprios, muitas vezes conflitantes com os nossos próprios. Quantos males que se abatem sobre nós seriam evitados se compreendêssemos isto? Quantos conflitos com quem amamos, seriam resolvidos de forma bem mais satisfatória, através de um dialogo dentro desta compreensão simples das coisas? Bastando para isto que cada um coloque a sua “Realidade” (sabendo não ser absoluta), frente à do outro e os dois em comum acordo (ouvindo e dizendo) adeqüem suas idéias.

Pode parecer fácil e é! Mas as coisas mais fáceis são sempre as mais difíceis de serem entendidas e praticadas, devido a resistência do óbvio.