Queria me Entender

Porque eu estou me sentindo assim, tão bem, tão plena? Queria entender. Bem, essa sou eu sou, sempre fui, sempre querendo e fazendo de tudo que cabe à minha mente para decifrar qualquer coisa, mínima sensação, mísero sentimento. E esse de agora me capturou demais. Sabe, nada mudou de verdade. Os medos, a raiva, o desgosto, tudo continua aqui, eu continuo aqui, com todos os defeitos e aspectos odiosos de sempre. Então porque o ar parece mais leve? As palavras querem e quase conseguem fluir, os passos são praticamente independentes da minha vontade. Me sinto viva. Não dormente ou anestesiada, como de costume, mas de olhos bem abertos, com a voz pronta para gritar, as mãos loucas para agirem, criarem, aplaudirem. Aplaudirem o mundo, essa gente toda dentro dele, me aplaudir, mesmo que eu nem tenha feito nada. Mesmo que eu nem ao menos seja nada, nada de mais, de novo, de belo. Apenas eu, simples no meus atos, complexa no que tento dizer, perdida no que consigo, em quem guardo e levo comigo, quem sou obrigada a deixar no caminho. Eu na mais pura síntese do que posso ser, sou nesse instante e já fui na minha estrada tão curta, mas que parece que carrega consigo o infinito. O meu infinito particular, dessa minha informal felicidade, melancolia lindamente apresentada, nostalgias e saudades escondidas, pensamentos bobos que nunca me servirão de nada. O caminho é finito, mas cada pequeno passo que nele dou parece esticá-lo, levar o horizonte para onde meus olhos não conseguem distinguir mais nada. Só me resta andar e desistir de enxergar e descobrir, arriscar uns sorrisos e palavras enquanto dá, mesmo que eu nunca descubra a real razão de tudo isso.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 25/03/2014
Reeditado em 25/03/2014
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