Monólogo do Amor Universal II

Estou cansado do romantismo infrutífero. Do amor envergonhado que tem medo de existir, ou pelo menos de que percebam que ele existe. Vivo em um mar turbulento de sentimentos, e ainda tenho a tola idéia de que com meus pequenos remos conseguirei, em meio a tanta fúria, dar um rumo calculado e planejado a um barco que só Deus entende porque ainda não afundou.

Estou esgotado, a correnteza que me arraste para onde quiser, há muito já perdi a terra de vista, e neste momento, desisto de tentar procura-la. É interessante como este mar revolto, parece preencher tudo, mas é tão vazio ao mesmo tempo. Perde-se no horizonte, mas não me oferece nada de novo, a não ser esta irritante solidão que insiste em perturbar meu sono, me tira a capacidade de me concentrar, fazendo-me a todo instante me perguntar como teria sido se eu houvesse agido diferente. Mas foi assim que eu agi, e não há como mudar o que foi feito, o passado ficará em seu lugar, e o que posso fazer, é apenas encontrar novas maneiras de agir, e lidar com o fato de que tudo o que fiz, me conduziram a este momento e a esta situação.

O que eu precise talvez seja mergulhar, abandonar a segurança de um barquinho que nunca me levou a lugar nenhum, e me atirar de cabeça nas profundezas de mim mesmo. Talvez eu descubra algo novo, talvez não, talvez eu me afogue, ou talvez descubra que eu posso respirar no fundo disso tudo. Tudo são incertezas, mas meus lábios riem, pois é ai, e apenas ai que consigo vislumbrar a beleza das coisas.

Humanos!! A criação mais perfeita do universo. Parecido com os anjos em atitudes, e tão próximos de Deus em pretensão. Ou pelo menos deveria ser assim. Algo deve estar errado no paraíso, ou algo muito errado acontece aqui embaixo, onde nos achamos tão donos de nós mesmos, e de tudo o que tocamos e podemos possuir. Pobres tolos, nem imaginamos que, nossa ilusória realidade nem se compara a tudo o que pode existir entre o céu e a Terra, mas como o saberíamos, se sequer conhecemos a nós mesmos. Quem é você? Poderia responder esta pergunta sem hesitar? Não! Daria meu pescoço a quem pudesse faze-lo. É bem mais fácil dizer quem é meu vizinho, meu amigo, meu inimigo, do que me olhar nos olhos, e ousar perguntar: Quem sou?

O amor não é uma doença, e tão pouco a razão é perdição. Mas o que entende o homem de amor? Somos mortos vivos que caminham apenas em busca do melhor buraco para nos enterrarmos. Jogamos fora sonhos, machucamos as pessoas que mais amamos, maldizemos nossa sorte e nossa vida, e ainda queremos entender e sentir o significado do verdadeiro amor? Passe reto hipocrisia, não tenho mais olhos para você!!!!

Fui enganado quando me disseram que o amor era devastador. Não! O amor não devasta nada, apenas constrói, desde uma família, até um império.

Não! Não me calarei mais, mesmo que o inferno se abra e me ordene a calar, não selarei meus lábios, não sufocarei meu coração novamente. Dizem que o amor é para todos. Discordo. Amar é para poucos. Aqueles poucos que tem coragem para serem sinceros, e ser sincero nos tempos de hoje, é ser um em dez milhões.