Descrente

Ando achando que a felicidade é algo muito é superestimado, isso sim. Todo mundo está sempre atrás dela, a idealizando, perseguindo de todos os jeitos possíveis, mas a verdade é que nada disso passa de pura enganação. A gente vê o mundo e as pessoas da maneira que nos convém, que escolhemos ver e assim também agimos. Nunca que vamos parar, olhar ao redor e reconhecer que se está pleno, satisfeito com o que tem, sempre irá aspirar por algo além. E esse além nunca vai chegar. Acho é que estamos sempre nessa ilusão de que a sonhada recompensa virá, que a tormenta do agora vai passar e tudo ainda será maravilhoso. Eu prefiro, escolho entender a minha vida da melhor maneira que eu puder: reconhecer minhas desgraças, minhas raivas, medos e tudo de ruim, de pesado que carrego comigo e aceitar isso. Eu posso até mudá-las, mas no momento seguinte aparecerá algo novo para me machucar. Não existe euforia, felicidade incessante, alegria absoluta ou nada parecido, o que existe é a nossa covardia e cinismo de fechar os olhos e mentir para nós mesmos que tudo está (ou ficará) perfeito. Nada é nem ao mesmo bom, quanto mais perfeito. O melhor a ser feito, ao meu ver, é entender seu mundo, seu ambiente, quem está ao seu lado e qual seu papel. Parar com essa estupidez sem tamanho de acreditar que pode existir algo maravilhoso longe daqui e compreender que não há nada além da dor que conhecemos hoje. Eu me conheço, entendo o que sou, o que posso ser e já fui, aceito todos os horrores que me compõem e tento da maneira mais forte possível lidar com isso. Sei do meu lugar, e mesmo que não exploda de alegria, eu estou segura disso; sem depressão ou êxtase algum, apenas consciência de si mesmo, de onde se está o do que pode extrair disso. E sinceramente, não acredito que existe realização maior do que essa, a de enxergar o contexto de sua vida, e não ceder ao egoísmo e imaturidade que nos faz fantasiar com o inútil, absurdo que só nos cega cada vez mais.