Lembranças

Eu me lembro quando o amor veio a mim, pela primeira vez. Ele foi gentil, ele não teve pressa, ele esperou meses pra nascer. Nasceu em anos gelados, mas me aquecia completamente.

Eu me lembro dos anos com ela, com Laís, como um sonho da juventude. Ela curou muitas das minhas feridas e medos: Me mostrou que eu podia sim ser bonito e amado, e que devia confiar mais em mim mesmo, ainda que eu fingisse que confiava. Aprendi com ela muitas das alegrias: andar de mãos dadas, ficar deitados olhando o tempo passar, em silêncio, numa tarde de domingo, compartilhar. Vou sempre lembrar do Sol clareando seu rosto enquanto você dormia.

Mas o primeiro amor acabou. Aconteceu muita coisa.

E então, anos depois, ele veio de novo. Num momento de muita indiferença e descrença, Aimê me mostrou o que era sorrir de novo, ela descongelou o inverno que existia em meu coração, e aqueceu com seu jeito irreverente e brincalhão, relaxado. E eu tão rígido...

Aprendi a recomeçar ao seu lado, e fui muito feliz enquanto assistia filmes, lia gibis de super-heróis, passeava em Paranapiacaba num fim de tarde da primavera, jogava videogame, ninguém foi mais companheira que você. Vou sempre lembrar de nós dois gargalhando após perder várias partidas no jogo do Rayman.

Eu sinto muito pela forma que tudo acabou, talvez em outra vida (ou após a vida), poderemos nos entender melhor.

O amor veio de novo, de maneira mais moderada e contida. Ele (o amor) não alimenta mais expectativas por mim. Ele já sabe que sou limitado e muitas vezes incapaz de reconhecê-lo de imediato. Ele sabe que cometo muitos erros e que tenho muito a aprender. Ele não gosta muito de mim, não mais, e eu sinceramente não gosto dele tanto assim também.

Mas eu entendo seus motivos: Ele tentou chegar até mim com a Carine e eu o afastei, fui insensível, não soube lidar com ele (talvez não estivesse pronto). Tentou me reanimar com a Isamara mas não fui paciente pra esperar pra ver, e tive de escondê-lo algumas vezes.

Amor? Sei que está aí. Não fique triste.

Lembro-me de você com enorme gratidão (e dor também), mas gosto de recordar cada sensação, cada momento, cada batida do coração.

Sei que erramos um com o outro. Eu erro, e sempre errarei.

Mas ainda preciso de você, sempre precisei...

Sempre precisarei. Fique.

Vinícius Risério Custódio
Enviado por Vinícius Risério Custódio em 07/05/2014
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T4797220
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