O modelo tradicional de família está em extinção?

Aparentemente, o modelo estereotipado de família tradicional burguesa, composto por papai, mamãe, filhinhos e animaizinhos de estimação, está com os dias contados. Não é que o futuro não aceitará mais a existência de núcleos familiares, mas tudo indica que eles tendem a se modificar cada vez mais, distanciando-se do modelo de família tradicional burguês onde o homem é o caçador, o provedor da prole, o líder do bando, que deve ser constantemente paparicado por uma esposa muito atenciosa porém pobre de ambições, enquanto as suas crianças cresceriam recebendo toda a educação e o mimo que a mamãe pode oferecer e o papai pode pagar. Felizmente, para alguns, e infelizmente, para outros tantos, esse modelo de família tradicional burguesa, aparentemente, está fadado à decadência.

Além das modificações do modelo tradicional de agrupamento familiar, o que também está sendo reconfigurado na sociedade moderna é o papel do homem nesta sociedade, pois ele tende a disputar cada vez mais espaço no mercado de trabalho com mulheres tão aptas quanto ele para o desempenho laboral. O papel da mulher nesta sociedade também está sendo reconfigurado, pois ela agora disputa cada vez mais espaço com o homem no mercado de trabalho, e além de ter de lutar para estar tão apta quanto ele para o desempenho laboral, ela necessita desenvolver habilidades para o seu desempenho doméstico, seja ela solteira ou casada. E é neste último aspecto que talvez a mudança seja mais radical, pois entre as pessoas casadas, sejam elas homens e mulheres, homens e homens ou mulheres e mulheres – pessoas casadas ou simplesmente agrupadas -, suas responsabilidades domésticas são cada vez menos cristalizadas e cada vez mais dinâmicas e reconfiguráveis à estrutura familiar que for constituída para o melhor convívio de ambos.

É provável que no futuro a família não desapareça enquanto agrupamento social com profundas vinculações afetivas. Mas não pode se negar que com as mudanças nos papéis sociais de homens e mulheres vai ser inevitável o surgimento de novas configurações familiares. A solução, possivelmente, vai demandar muito esforço por parte de todos os membros da família para saber lidar com essas novas demandas sociais e afetivas. E é possível que a solução para esses complexos dilemas familiares esteja com a mais fantástica dentre todas as habilidades infantis, que é nossa fantástica capacidade de imaginar e criar novas propostas existenciais a partir da realidade presente. Sem muita imaginação, criatividade, respeito e cumplicidade, vai ser difícil existir no futuro novos modelos sólidos de configuração familiar. Uma coisa é certa: o modelo nuclear de família tradicional burguesa composto por papai, mamãe, filhinhos e animaizinhos de estimação parece cada dia menos viável, felizmente para alguns, infelizmente para outros tantos.