UM SONHO E UMA CERTEZA... INCERTA

Diz uma brincadeira popular que “um Juiz quando dorme, sonha que é Deus e acordado tem essa certeza”. É claro que, felizmente esta é uma assertiva que não se aplica à maioria dos Juízes, já que essa maioria é composta de homens e mulheres dignos, humanos e certos de que nada são acima dos mortais e como todos, terão um único e imponderável destino materialmente falando: o pó, servindo antes de repasto para os vermes se não optar pela altíssima temperatura de um forno crematório. Mas o privilégio deste sonho e dessa certeza diurna e insana não é só dos Juízes que vestem a capa preta, pomposamente conhecida como toga; é próprio do ser humano quando se senta num trono, ainda que seja tal trono apenas uma cadeira de aparência robusta, talhada em falsa madeira de Lei, envernizada e carcomida internamente por implacáveis cupins que a devoram por debaixo do verniz, de forma lenta e insidiosa, mas irreversível.