Assisti a uma propaganda na qual havia a proposta de antecipar o Dia dos Namorados, pois a seleção abrirá a Copa na data tradicional.
 
Sem me preocupar necessariamente com a estúpida propaganda, fiquei bastante triste percebendo o que fizeram com o ato de namorar.
 
Em 1991/1992, eu namorei na porta.
Constato que essa incrível experiência não existe mais.
 
Hoje não há as mãos entrelaçadas nutrindo os namoros.
Sumiu também a mão boba e inocentemente ousada dos cinemas.
Os olhares apaixonados desapareceram.
As conversas com os pais da namorada cessaram.
A marcação em cima da querida sogrinha, a desconfiança do sograço, os vizinhos curiosos dando uma espiadinha evaporaram.
 
O prazer do primeiro beijo, as doces conversas, a ansiedade gostosa...
 
Tudo isso acabou!
 
Hoje ninguém namora na porta, os sogros são desconhecidos e chatos, os vizinhos não possuem o entusiasmo de espiar (acham melhor ver um filme pornô), as primeiras carícias (iguais às últimas) nenhuma emoção despertam mais.
 
A data do Dia dos namorados, uma bobagem comercial, era apenas um instante de renovação confirmando o encanto diário.
Agora ficou tão artificial quanto o próprio romance!
 
Que romance, Ilmar?
 
Antes eu marcava o horário da visita no dia seguinte.
Hoje combinam a ida ao motel.

Eu não transei com a minha namorada da porta.
Hoje transam antes de namorar, inclusive na porta.
 
Enfim, não existem mais namoros nem namorados.
O Dia dos Namorados perdeu todo o significado.
 
Por que não mudar para o Dia dos Ficantes?
Que tal o Dia da Rapidinha até a Fila Andar?
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 24/05/2014
Reeditado em 24/05/2014
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