Delicadezas

Não quero a tristeza das carícias finitas. Já possuo caminhos esculpidos no rosto e falhas nos cabelos outrora vastos. Recuso-me a receber a aspereza dos dias sem sonhos, a mudez da quietude ferina de sentimentos contrários, a pesada bagagem do que tristemente vivi e que não foi inteiro. Não necessito de ironias nos cantos dos lábios nem de favores cobrados no dia seguinte. Quero a sensatez das delicadezas, a suavidade das recordações de risos sinceros, a tranquilidade das noites simples, madrugadas de sono, companhia de filhos, ombros amigos. Esvaziar-me de tudo o que feriu e remendar o coração com pequenas esperanças certas e serenidades desnudas que possam ser colhidas até o fim dos dias.