GENTE
Tem gente que não sabe o quão importante é
O espaço que ocupa nas nossas vidas
A fatia que significam dos nossos pensamentos
Como aceleram o ritmo dos nossos batimentos
Como provocam sutis sofrimentos
Constantes como a respiração
Ao abrirmos os olhos pela manhã já estão lá
Como se não dormissem nunca
Perturbando nosso sono e nossa vigília
Uma perturbação prazerosa e ao mesmo tempo dolorida
Numa insistência digna de monges budistas
Nada dizem, mas ficam lá impávidas
Preenchendo nossos dias
Invadindo nossos espaços como desbravadoras
Colonizando e impondo sua presença sem pedir licença
Únicas e insubstituíveis como as flores e a música
Por vezes me aparecem em tecnicolor
Por outras em preto e branco como nos filmes antigos
Não sabem quantos minutos dedico da minha vida
Aparições incontroláveis como uma compulsão
Vagam entre espaços de amizade e de amor irrefreado
Às vezes chego a duvidar que não saibam disso