À Deriva

Talvez, no fim das contas não exista padrão. É capaz de estejamos mesmo todos perdidos no caos, no redemoinho de teimosos, de gente que insiste na razão, no sentido, no caminho certo de tudo isso. É consolante, nos conforta acreditar nisso, em que a vida e a vontade, as sensações de uma pessoa possam ser medidas. Mas não podem. Estamos aqui completamente largados, essa que deve ser a verdade. Á deriva, jogados, somente forjando, criando resposta para justificar nossos medos imensos, inúmeros, infintos talvez. Estamos sozinhos, e isso nos incomoda. Nos disturbe, queremos a vida, a última sensação verdadeira e palpável que nos traga de uma maneira milagrosa tudo que noa procuramos o tempo todo; nos traga a nós mesmos. A lógica, o rumo traçado e as falas ensaiadas, são todos bonitos, reluzentes e nos alegram, acomodam, nos colocam no lugar. Enquanto a verdade, não. Ela suja, machuca, rasga e dilacera nossas tolas ilusões, ela berra em nossos ouvidos tudo que não queremos ouvir, saber, sentir. A mentira é a paixão, já o amor, a nossa única possível verdade. Ele traz consigo todas as facadas, chicotes, gritos e surras para nós. Promete trazer para o fim algo louco, belo e permanente, mas parece-me que ninguém chegou lá até agora. Vamos sempre pela razão, pelo amor contido e apresentável, e dessa maneira, jamais conheceremos algo além da nossa redoma de sentimentos de criança. Criança felizes, sim. Mas de qualquer jeito, exiladas, esquecidas pelo que realmente há fora desse lugar, fora de si e tudo que pensa sentir e confiar. Felicidade perpétua em sua ignorância! Diga-me, o que mais podemos querer dessa vida, de quem somos no final?

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 28/06/2014
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