Refém

Mas afinal de contas, que diabos eu estou fazendo? Onde estou me colocando, ao que me submeto no momento em que eu disser em voz alta o maldito sentimento? Estarei perdida, sim. E não pense que não quero isso, essa perdição. Esse caos, esse precipício que já conheço tão bem. Sei dessa dor e ainda assim quero de maneira desesperada o prazer maluco da queda, do ar correndo e me cortando antes de eu conseguir até projetar algum pequeno pensamento. Eu quero você, pronto. Quero a chance, a possibilidade do que posso me tornar para ti, dos horizontes longe daqui que só imagino como possam ser. Eu quero, preciso estar lá. Mereço estar lá, pois sim. Mereço o sangue que corre, o coração pulsante, a voz sofrida por suplicar só mais um segundo do seu dia. Vem. Por favor, vem só por hoje e me dê essa felicidade boba, passageira, mas real. Não me deixa me afogar em mim mesma de novo, no que penso, quero, crio e sonho até esgotar-me de vez. Esse ciclo sempre me suga, me surra e leva tudo de mim. E eu simplesmente preciso ver, conhecer algo além dele, do que eu faço de cada vontade, cada suspiro seu. Então eu lhe peço, só por hoje, me deixa acreditar. Me engana e me afoga, dilui e faz-me desaparecer no que eu sinto por você. Mente, e vê se mente bem, pois a sua voz me prendendo na ilusão é tudo que eu quero, preciso para viver. Por hoje ao menos, é você e mais nada. E nada mais pode me preencher desse jeito, me fazer sorrir feito criança que pensa e quer tanto amar alguém.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 01/07/2014
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