Amostra

Era uma mistura tão estranha. Durou pouco, quase nada, mas a sensação foi de como encostar na dimensão tátil do infinito, de entender tudo, fazer parte de tudo e ser tão dona de si quanto possível. Não ao ponto de desaparecer do plano em que estamos, onde eu te vejo e sonho em te tocar, não. Mas ao ponto de me possuir e ainda assim, me permitir ser livre. Livre para os que amo e imagino se um dia poderiam também me amar. Eu esqueci até que não acreditava em nada disso, vê se pode! Deixei de lado todas minhas teorias e pensamentos, dúvidas que nunca foram (ou serão) respondidas, tudo que me sufoca toda hora, todo dia. Eu estava lá, pronta para deixar a vida vir e acontecer, seja lá o que isso signifique. Não acho que isso poderá jamais voltar. Eu sou isso, esse caos que tento de todas as maneiras possíveis disfarçar e esconder dos outros, sumir da minha verdade, ter aquele semblante do saber, conhecer e ver um perfeito horizonte à minha espera. E acredito até que seja convincente, por pior que isso seja para mim. Queria poder largar, gritar, sentir e te dizer, bailar pelos ares das minhas faces quase que sem fim, das minhas vozes e vontades que até eu esqueço ter. Mas enfim, foi bom por aquele segundo, isso foi. Consciência e libertação juntas me guiando, sussurrando-me que pode sim isso dar certo. Quem sabe se tivesse durado um pouco mais que fosse, eu teria acreditado. Mas está tudo bem, eu já voltei para a jaula, para a vista da janela fechada que só deixa de leve o sol entrar por aqui e aquecer o meu rosto, dar-me o mínimo gosto de vida e do calor que a envolve e abraça o tempo todo.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 06/07/2014
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