Aquele dia em particular.

Aquele dia em particular estava me sentindo sozinha. Estar sozinha é para mim como olhar um pintura triste, estar dentro de uma casa inabitável, ou um cenário vazio, qualquer coisa que fosse desagradável o suficiente para não se querer estar. Então eu fugia, procurava outras companhias, alguma pintura alegre, uma casa habitável.. alguém ou algo que evitasse as lembranças que tanto me atormentavam toda noite, a cada solidão, a cada gole em copo de cerveja, a cada tragada no cigarro, a cada amor inventado. Mas aquele dia em particular estava me sentindo sozinha. Eu quis ligar pra alguém. Contar o que tinha acontecido, e que doía. Mas não havia ninguém ali. Ninguém com que eu pudesse contar. Ninguém disposto a abrir mão do sono para ouvir minhas queixas. Ninguém que se importasse. Então eu virei pro lado e a dor veio. Rápida. Forte. Devastadora. Senti minha alma se rasgando ao lembrar daquelas palavras. E dói. Ainda dói.