Geração Suicida

Os ideais fracassaram

Da Renascença ao Pós-Modernismo

Ainda estamos perdidos

Como ovelhas de um rebanho cego

Trilhando seus destinos

Em busca de um mundo além deste

Um mundo que nunca existiu.

Ainda ouço promessas

Tão arcaicas, mas modernizadas

Para a manutenção da moral dos nobres

E sustento da moral dos fracos.

A humanidade em nós nunca existiu

E a humanidade em seu conceito, extinguiu.

O Caos dirigido por patriarcas

Prepotentes e cruéis

Nos escravizaram todo esse tempo

Nos roubando a liberdade

Estuprando nossas vidas.

Desde o começo

Buscamos a verdade

E eu vos pergunto:

Para que a verdade se o mundo é um devir constante?

Produto comercializado e vendido caramente para os nossos espíritos

A verdade surge para amenizar nossos medos, nossas angústias

Diante dos mistérios da vida.

O homem científico não se contenta com o que desconhece

E tenta a muito sofrimento de todos

Dominar a Vida e a Natureza.

Desde já, fracassado

Se vê desesperado por propagandas de vida eterna

De publicidade de um paraíso por vir

Desde que você pague sua mensalidade.

Através de um discurso de igualdade

Nos matamos.

Por amor e devoção a Deus, nos odiamos

E nos separamos.

Mas Deus não é amor, união?

Enquanto a loucura toma conta do trânsito

A morte segue devagar, sussurrando

Em nossas mentes

Em nossos espíritos

Tão esgotados de mentiras

Através da Ciência, da Religião, da Filosofia

Da Arte e dos que escrevem.

Alguém buzina atrás de mim

Mas tenho que esperar a ambulância chegar

Pois uma adolescente quer se chegar daqui de cima da ponte.

Nem direita e nem esquerda

Nem certo nem errado

Nem bem e nem mal

A genealogia da dicotomia é o verdadeiro pecado mortal.

A felicidade estar em se superar

Todos os dias

Afirmando a vida tal como ela é

E transgredindo esses valores tão letais como uma taça cheia de veneno.

O tempo se tornou o nosso inimigo número um

Aceleração em nome da Economia que nos dilacera

Nos distancia dos nossos pais, dos nossos filhos

E quando percebemos,

Não vivemos o presente

O passado não existiu

E o futuro é dor.

Esperanças de um mundo melhor se partiram

A verdade cristalizada se quebrou

O outro mundo é uma novela

Da qual se ouve muito falar

Mas é ficção.

Enquanto tudo aqui em baixo desmoronou.

Novos mitos se criam

Para enganar os pobres de espírito

E de pensamentos reflexivos

E revistas de dietas são vendidas

Prometendo felicidade através da beleza do corpo

Nos reduzindo a meros objetos.

Ninguém é real

Todos são imagens que criaram

Para manter suas ilusões

Para cristalizar seus status.

A consciência do ser humano é o espelho

Que não diz o que realmente ele é

Mas o que ele deve fazer para alimentar sua ilusão de ser.

Ninguém aceitou e ainda não aceitam sua finitude

O ego do ser humano quer dominar a vida

Controlar a forças da Natureza

Então negam sua origem

E esquecem que são submissos

Aos mistérios que nos cerca o tempo inteiro

E tentam destruir a Mãe Natureza

E nessa insanidade absurda

Adoecem diariamente

E em vez de morrer uma vez na vida

Agora morrem dia após dia

Suas mortes lentas.

E de imagem em imagem vamos nos enganando

E aniquilando nossas essências

Nossas subjetividades próprias

Vamos nos suicidando

Coletivamente.