ATRASADA


Ando numa direção difusa, com sapatos gastos
Sem saber se são vielas ou avenida
Deixando-me sujar, por mato ou asfalto

Eu posso soltar os cabelos, deixando o vento pentear
Eu quero fechar os olhos somente por fechar
No momento, o negro do céu está no fundo desses olhos

As estrelas, penduradas acima da cabeça, piscam preguiçosamente
Como se não precisassem me iluminar
Olhando a minha frente, não vejo nada. E nem quero ver

O frio afaga minha nuca, acalmando...
Aquela sensação de calor, de suor
Tirando inúmeros pensamentos inúteis da cabeça

Trançando os braços abertos, acalmando o pulsar das veias
O sangue volta a correr sereno quase gelado
No meio fio me escoro na parede velha

E me equilibro para uma platéia invisível
Posso ouvir as palmas, os vivas
Mas as buzinas trazem de volta a verdade

Crua e certa
Transparente para quem vê e não se esconde atrás dos escombros
Sabe que mil é mil e que não há resposta diferente

Não podemos comparar algo que foi feito há muitos anos
Com atitudes de agora, nova em folhas de sedução
Um absurdo tenho que proclamar!

O que era colorido agora já não passa de cores escuras
Atitude pequena faz doer até os pensamentos
Perdido num quarto solitário

Onde não há ninguém a escutar
Não adianta mais gritar
Neste dia tudo não passa de sofrimentos

Refletidos do presente, do hoje, do agora
O ontem já passou quem se lembrará?
Atitude dentro da verdade, no além se perpetuará...

Somente quando paro
Tossindo o bafo cinza deste mundo
Que as pernas começam a doer e meu sangue volta a correr...

E eu vejo que há meia hora, já estava muito atrasada


Luamor


EPICA - Solitary Ground

http://www.youtube.com/watch?v=uZS5ZtxpWOI
Luamor
Enviado por Luamor em 29/07/2014
Reeditado em 19/02/2021
Código do texto: T4901566
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