Insistência

O desejo contido que tenho por ti é daqueles que não param. Corre por todos os lados, todas as frestas e veias do pulso, articulações e comichões que podem existir numa pessoa; ele é infinito. O que eu sinto, por ser tão sufocado, expandiu-se em sua minimalidade e tornou-se imenso, maior do que posso medir ou expressar. Ou do que quero expressar, talvez.

Não quero, não posso viver desse fragilidade de vontade, esperança que se dissolve com o menor dos sopros que eu deixo escapar. Preciso esquecê-la. Esquecer-te, na verdade. Te deixar ir, desaparecer de meu campo de visão, esquecer tua voz e o que imagino ser teu toque, largá-los pra alguém de verdade senti-lo, possuí-lo como tu mereces, precisas. Precisa sim, vejo no teu olhar. Despretensioso, daqueles que não urgem por nada, veem o que tem em sua frente e lá fazem teu mundo, história, possibilidade sem fim das belezas das quais é capaz.Você é assim, eu sei que é. Totalmente o que eu jamais conseguiria ser nessa e nas outras inúmeras vidas em que me enxergo: só sei, só quero sonhar. O presente nunca me toca, me acha, me quer. Só me serve de meio pra fugir, esconder-me dos vendavais e na surdida, criar e sentir o gosto disso tudo. Do que tu poderias ser ao meu lado, do que eu faria para manter esse lugar. Do gosto que criaríamos juntos.

E esse desejo é tudo que eu tenho, então por mais que eu não deva, irei mantê-lo. Manter a vontade, manter a esperança e a estúpida crença de que um dia isso será possível. Nesse dia, todo calor do seu ser será meu-- e farei-o crescer, florescer por todos os invernos que a tua vida, tua alma ainda enfrentará.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 31/07/2014
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