Um existir vazio

O medo de seguir é maior que o de continuar aqui.

Sim, eu ainda olho para trás. Ainda sinto a mesma dor do passado. Eu me viro para frente e vejo um futuro incerto, chances que se findam, amores que se afastam, dores que crescem..

Eu serei sempre assim, um ser humano que faz amor com a dor e vive com a solidão. Eu vou amar, como amo, mas sempre retornarei ao vazio. Sempre irei dar voltas e voltas e quando no relógio bater o mesmo horário do dia anterior, vou estar no mesmo lugar, pensando na mesma coisa, sentindo a mesma aflição e imaginando como seria viver de verdade.

Eu já fui alguém normal, com as chamas da esperança acesas dentro do peito, mas se definhou. O que era criativo e puro, apodreceu.

Me tornei um imundo, neste lugar onde cada morte é uma risada. O dia já foi lindo uma vez, o meu sorriso já iluminou o meu rosto, nada me enfraquecia, porque eu tinha humanidade.

Depois de um tempo, eu desliguei todos os meus sentimentos, mas a dor não se foi com eles. Ela lutou para estar ao meu lado. Me seduziu e hoje estou nos braços dela. Estou jogado no tempo como uma alma perdida, e respiro esperando a morte me buscar.

Minhas memórias me consomem a cada dia mais. Escuto os gritos do meu coração e isso me apavora.

Esperei muito tempo para dizer, mas hoje me esqueci o que.

Me engasgo com as palavras presas e não sei como colocá-las pra fora, porque eu simplesmente desisti.

Esther Barbosa
Enviado por Esther Barbosa em 31/07/2014
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