Chances

Que o sonho não nos devore e nem a realidade nos faça desistir. Que consigamos dar um jeito de permanecer na corda-bamba, de brincar de equilibrista e adoçar o dia, a vida como pudermos; e que tenhamos o gosto amargo em nossa boca também. Que nenhum dos opostos, que os olhos cansados dum pessimista ou os arregalados do romântico ainda consigam ver de tudo, todas as belezas e feridas presentes em sua pele. Que não nos falte gratidão. Olhemos não adiante, não para o ontem, mas para nada além do agora e sintamos o quão fortunados somos. E pelas menores das coisas, na verdade. Pelo sol fraco no começo da manhã, pelo café requentado que tenta nos despertar, por aqueles que ainda chamamos de amigos. Pelo nosso reflexo e nada mais. Reflexo falho, cheio das cicatrizes e marcas, cores e formas distintas que nos compõem. Que no fim do dia, nada além desse redemoinho de vestígios infinitos formem o mais sincero sorriso que possa florescer em nossa face.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 13/08/2014
Código do texto: T4920533
Classificação de conteúdo: seguro