REFLEXÕES SOBRE UM SONHO ANCESTRAL

Há algo nos recônditos de minha alma

A me forçar os passos por sendas vazias

Sítios desérticos de ares irrespiráveis

Nuvens de puro veneno cingem-me a cabeça

Há pelo menos dez sonhos que já sonhei

Vidas que já vivi em séculos distantes

Mil reinos e cinco mil amantes

Todas virgens cegas de um amor pungente

Presas em castelos distantes

Arrebatadas de cavaleiros andantes

Tirados de cavalos de incomparável alvura

Reinei por centenas de anos

Com quimeras a me perseguir os passos

Brandindo chifres e asas a me tolher espaços

Despertando meus medos mais abissais

Meus fantasmas agora voam em circulos

Formando imensas cirandas macabras

São almas dos que matei com palavras

Faladas e escritas em papiros do Nilo

Esmaguei-os com minha soberba e minha ira

Jamais com um único ato violento da espada

Por traços de pena de pavão e comandos

Abruptos e mesquinhos são os desígnios da vida

Agora vejo-me nu pelas ruas a implorar por perdão

Despojado, desarmado de pena e látego

Sobre minha cabeça repousa a lâmina do gládio

De um gelo sepulcral e antártico

São os caminhos que me restam trilhar

Tortuosos avançam penumbra adentro

Forçando-me a pagar em vida e em sonho

Meus atos de desamor

GIBAWRITER
Enviado por GIBAWRITER em 26/08/2014
Código do texto: T4937693
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