Robótica.
Minha tranquilidade hoje é sintética. Minha vontade é mecânica.
Sinto como se estivesse anestesiada, imóvel, olhando pela janela o furacão que se aproxima, e sabendo que ele virá, como me preparar?
Cair e levantar, tem sido minha rotina.
Andar à beira de abismos, rezando aos céus para criar asas quando cair, porque eu sei que vou cair.
Os cortes já não sangram, são agora apenas imaginados, mas dentro de mim, eu anseio pelo toque da lâmina fria sobre a pele, o gotejar vermelho e morno que parecia me lavar a alma.
O que sobrou de quem eu fui? Quem me tornei, ou o quê? Minha vontade é sintética, minha paz é mecânica. Sou uma sombra robótica que repete os mesmos atos esperando em vão por uma revolução.