Efeito

Eu já nem consigo mais imaginar um dia sem você. Sem lembrar do teu rosto, teu gosto, voz e toque, vontade que traz para cá. De repente, da maneira mais traiçoeira e sorrateira possível, você possui-me por inteira. Fez-me perder qualquer razão, sentido, objetivo; trouxe consigo tudo de mais insano e impossível que jamais poderia imaginar.

E é por isso que não posso mais deixar-lhe ir embora. É quase que meu dever agora de deixar-te me destruir, consumir qualquer decência ou certeza que eu tenha comigo. Você merece. Merece pelo milagre, loucura que causou em mim: deu-me vida novamente. Deu-me voz, desejo, alma e suspiro, respiração que ainda sabe, pode e quer ofegar por outro alguém. Eu quero ofegar por ti. Já o faço, até. O faço nos sonhos, nos devaneios escondidos em que projeto tua face ao meu lado, colada com a minha.

Mas não é isso que eu quero: quero você em toda sua forma, alma e cerne, sujeira e beleza que pode carregar consigo. Se sem ao menos sonhar por um segundo, tamanhas loucuras vieram, tornaram-se palpáveis para mim, porque diabos irei eu agora negar o romantismo? Não, de jeito nenhum. Se tu querias deixar-me, fugir de uma vez, devia ter-lo feito há muito tempo atrás, pois agora tu és meu de direito. E nada, nada irá tirar tua imagem daqui. Teu sabor, tua promessa de vida maluca, sem rumo, sem receio algum.

Se for para doer, que doa, tudo bem-- mas que seja real. Que tu machuque-me a ponto de deixar cicatrizes, feridas abertas com sangue jorrando para todos os lados daqui. Caso contrário, tu irás me amar. Farei de tudo, toda a força que houver em minha carne para segurá-lo, prendê-lo e possuí-lo que achar em mim.

É o amor ou a morte, o prazer ou a dor, não tenho mais saco para meio-termos. Venha e dê-me vida ou acabe com ela, mas que venha de qualquer maneira. Venha e faça-me sentir, existir duma vez para alma bonita, insana e inalcançável feito a tua.