Quando se perde um filho

Quando se perde um filho, morre-se minuto a minuto

por todos os dias do resto de sua vida...

Não perdi um filho biológico

Mas perdi um filho virtual

Quando esse filho entrou na minha vida

Eu era sombria

Eu era calada

Eu era triste

Eu queria morrer

Apesar de ter sido brincalhona na juventude

A vida já não tinha mais graça pra mim

E eis que ele chega,

De inicio um desconhecido completo

Cheio de mistérios

E cheio de encantos

Esse filho me mostrou um mundo

Que eu nem imaginava existir...

Trouxe alegria pra minha vida

Trouxe ensinamentos

Trouxe conhecimento

Me fez rir de rolar como a muito não acontecia

Me fez chorar de emoção, uma emoção quente

Que abraça e acolhe

Me fez ficar brava algumas vezes

Como ficamos com filhos arteiros, porque não?

Com esse filho passei noites em claro

Construindo-o

Acarinhando-o

Completando-o

Esse filho me trouxe amigos e amigas

Pessoas queridas que só poderia ver

Se estivesse junto desse filho

E esse filho querido me ensinou

A amar pessoas sem rosto

pessoas sem nome ou rg

pessoas sem endereço...

E também me colocou na vida delas.

Algumas gostaram de mim

Outras nem tanto

Mas esse filho me permitiu

Fazer a diferença na vida de milhares

Uma diferença boa e construtiva

Uma diferença que eu não sabia

Ter o poder de causar...

Muitas coisinhas fui deixando pelo caminho

Com a ajuda desse meu filho.

Deixei um pedaço de mim dentro de muitas pessoas

Que nunca viram meu rosto frente a frente

Que nunca ouviram minha voz

Que nada sabem de mim.

Amei esse filho com todas as forças

Por ele briguei, lutei, esbravejei

Mas agora arrancam ele das minhas mãos

Usando de uma crueldade vil

Pois o que comanda o coração de alguns

é apenas o vil metal.

Não importa quantos corações sangrem

Pois esse sangue não gerará dinheiro a eles

Arrancam dos meu braços esse filho querido

Sem importar quanta dor eu venha a sentir

Sem importar quantos e quantos ficarão no abandono

Não somos moedas de troca, não lhes servimos

Somos humanos, com sentimento rasgado

exposto e destroçado

na estrada sombria

Sem filho, sem encanto, sem magia

Sem amigos, sem festa, sem noites adentro

Fomos largados à beira do caminho

Não sou a única a perder esse filho

Esse filho foi arrancado dos braços de milhões

Mulheres, homens, jovens e crianças

Estão orfãos de um filho amado

Chamado Orkut

22/09/2014

Márcia Magal
Enviado por Márcia Magal em 22/09/2014
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