Poesia

E eu posso lhe jurar o quanto estou tentando permanecer sóbria. Limpa, longe da embriaguez que é sonhar com o teu gosto, teu rosto, teu toque. Longe do ópio que, disfarçado de esperança, vem e me destrói, corrói por inteira. Você faz isso comigo até que sem tentar.

Vem, caminha por aqui, deixa tua lembrança no ar que impregna na minha roupa, minha pele. Eu lhe trago para cá. Para casa, para as noites onde sinto nada além da tua falta, nos momentos em que a consciência implacável esquece de vigiar e pronto, tua imagem é tudo que ocupa minha mente. Uma brecha, um vão e é isso, já não há mais o que fazer: torno-me refém da desgraçada, da benção e armadilha que é o que sinto por você.

Sou sua sem tu nem ao menos saberes. Devota por cada centímetro de mim, cada resquício de verdade ainda intacto que tenho para lhe oferecer-- eu sei que não é muito, mas acredite, é tudo de mais puro que encontro em mim. E é tudo seu; todas as lembranças, vontades, saberes, receios. Tudo que possivelmente componha a pessoa que vejo agora, que aceito como o que sou e só está aqui para dar-lhe seu amor.

Sem ele, acredite, não haveria muita coisa; um punhado de mágoas, semi-desejos, tudo emaranhado sem sentido ou fôlego algum para seguir. Mas contigo, não. Contigo, por ti tudo se junta, define, existe com beleza palpável, beleza que vale a pena admirar. Quero ser esse beleza, essa poesia para ti. Tu já és a maior que jamais encontrarei por aqui, sei disso.

Então deixe-me, deixe-me sufocar os horrores e apenas existir aqui, esperando por ti. Pelo próximo abraço, próximo entrelaço de ti e de mim, de toda a insanidade maravilhosa que podemos ser juntos. Tu me destes o sonho, então por favor, não o jogue fora. Não agora, não por hoje enquanto tudo que eu tenho é querer-te ao meu lado.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 24/09/2014
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