A menininha da bicicleta

Em um mundo demonizado pela febre do egoísmo e da repulsa ao humanamente adequado acontece um verdadeiro inesperado. Estava a ler um livro de crônicas do Sant'Anna e uma menininha de seus cinco anos rodava os canteiros da praça de bicicleta enquanto o pai trabalhava em uma lanchonete próxima. Ela ia e vinha sem parar enquanto eu deliciava-me nas crônicas escritas há oitos anos e que de alguma forma ainda faziam sentido. De repente a menininha parou em minha frente "está lendo a bíblia?" Como? "Você está lendo a bíblia" Não, são algumas crônicas. "O que é crônica?" São pequenas historias contadas em linguagens simples e divertida. " Você ler pra mim?" Claro, e comecei a ler o texto que mais gostei do livro (As borboletas estão chegando) e então passamos a conversar sobre borboletas, falamos das cores diversas e da beleza transformacional de uma espécie para outra, a simbiose das borboletas. "Eu gosto de andar de bicicleta". Eu também: olha aqui a minha. "Anda de bicicleta comigo". Infelizmente não posso tenho que ir. "Ah!". Tchau! "Tchau!" Esse foi o dia mais completo e feliz da minha vida, o dia em que uma menininha de bicicleta quebrou o gelo entre um ser humano e outro, o dia em que a abertura de dialogo existiu naturalmente, o dia em que a menininha provou haver uma pequenina luz no fim túnel que pode salvar a ignorância desse país.

Não posso jamais esquece-me dessa data 20/10/2014, o renascimento de uma nova alma pensante.

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