Borboletas

Gosto de borboletas. Elas me fazem pensar em renovação e na morte também. Uma borboleta passa boa parte da vida como lagarta, despida de atrativos, rastejando e devorando folhas. Outra parte passa trancada em um casulo que tece em torno de si mesma; ali permanece a espera do dia em que verá a luz do sol e voará luminosa e colorida. Perpetuará sua espécie e, talvez mesmo sem saber, semeará flores. Efêmera, morrerá sem que muitos a tenham percebido ou sido gratos pelo pouco que, aparentemente, ofereceu. Às vezes, morre antes, aprisionada por alfinetes de um colecionador que, sob o argumento de preservar a beleza, torna sua vida ainda mais breve. Borboletas não se queixam ou eu sou incapaz de ouvir seus lamentos. Borboletas nascem, se transformam, voam, encantam e morrem, talvez sem angústia, apenas porque cumpriram o seu destino.

Apesar de não crer tão passivamente no destino, amo borboletas e gosto de exercitar minha condição humana em reflexões que me provocam. Tenho vivido uma fase de transformações, carregada de dores e da maldita questão: “Quando vai passar?” Todos dizem que passa, eu também. E sabemos que é verdade, mas o tempo da dor, da larva, do casulo, nos parece sempre longo e injusto demais. Não é. Nossa impaciência sim é grande. Então, porque borboletas me fazem pensar na vida e na morte, selecionei duas cenas que me comovem e dizem também da renovação, da libertação de uma condição em que nos mantemos às vezes por vontade própria, às vezes porque não há nada a fazer. Cumpriu-se um ciclo e só nos resta caminhar.

As cenas foram retiradas de uma das novelas da Globo, quando parecia valer a pena assisti-las e de uma animação de Tim Burton. Pedra sobre Pedra e A Noiva Cadáver.

http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/pedra-sobre-pedra/cenas-marcantes.htm

http://videolog.tv/817728

Raquel DPires
Enviado por Raquel DPires em 09/11/2014
Código do texto: T5028745
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