Prefácio Interessantíssimo (Sarah)

Em meio ao infinito se encontra o prefacio da existência, que se confunde aos inúmeros e inúmeros valores entre as suas bordas (que alguns também consideram como infinito), talvez em algumas delas você encontre uma pequena falha, uma fenda.

Se você, caro leitor, olhar detalhadamente para esta fenda, talvez veja escapar pelos seus olhos um fio loiro, talvez percebas que a ausência de luz me torna inalcançável, talvez você confunda a sua tão saudosa via láctea com os meus olhos, talvez você se engane pensando me ver.

E no meio desta explosão, meu caro, talvez você seja capaz de sentir um pouco do que sinto, mas sei que não é o suficiente, guardo em mim a dor do universo, por eu ser ele.

Mas tenho certeza que essa afirmativa não deixa claro que eu realmente sou.

Espero que você entenda que, independente de quantas linhas eu escreva, tu nunca saberás quem eu sou, quero que aceite-me sem me conhecer, quero que tomes consciência de que nunca poderás me ver, porque você lê este texto com os olhos abertos.

E essa foi, com certeza, a sua maior falha.

Talvez se você tivesse sentido o infinito deste o começo, soubesse por parte o que eu carrego, mas tem uma falha, uma fenda, e estou nela. Talvez você perceba que na queda da ultima estrela cadente, eu estarei totalmente dizimada, deixada apenas a ser uma poeira, que cai ao chão do seu misero planeta, lentamente. Quero que entendas que eu sou a sombra desta poeira.

Espero que esse prefacio seja o necessário para ao menos fazer você pensar que me entende. Espero que se sinta menos inútil perante a esta duvida.

Guardo aqui o mistério de umas das minhas inúmeras almas (que outros, também chamam de infinitas), e que saibas que perante a mim, não és nada.

Porque eu não existo.

Sarah.

Nícolas Lúcio
Enviado por Nícolas Lúcio em 17/11/2014
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