Eu sou humano. Serei mesmo


Eu sou humano. Serei mesmo?

Filho e neto de Homo Sapiens, tenho que ser Homo Sapiens, pois que a evolução não se faz aos grandes saltos. Homo Demens, quero dizer Sapiens (?) quanto a espécie (Homo Sapiens Sapiens (???), nada mais presunçoso do que nossa própria nomeação de espécie, sim duplo Sapiens, isto já fala muito acerca de nossa prepotente autoimagem). Comumente nos chamamos de Humanos, quanto à qualificação, mas nos esquecemos, pelo menos a maioria de nós, porque seriamos humanos, o que nos faria realmente e especificamente humanos, nada de especial, nada de ideal, apenas um animal que se diferenciaria das demais espécies, por sua genética, naturalmente, mas também pela humanidade que lhe deveria ser comum e própria.

Animal natural, podemos construir nossa humanidade enquanto diferencial social, frente aos demais animais. A cerca de 30 mil anos desapareceram os Neandertais, naturalmente, ou destruídos pela nossa superioridade bélica, beligerante, e destruidora, sinceramente não sei, tenho minha intuição, mas não tenho provas, o que fica para o presente é que de homo sobramos somente nós, e estamos empenhados em que nem nós, e nem nenhuma outra espécie animal possa persisti
r em nossa terra, entretanto a vida é prolixa em criar novas espécies, e enquanto houver água, entendo que a vida prosseguirá, mesmo com nossa ousada tentativa de gananciosamente destruir o mundo, como se ele fosse nosso. Uma coisa eu sei, a vida vegetal é essencial para toda e qualquer vida animal, se destruirmos a cobertura vegetal de nosso planeta, toda a vida animal estará fadada ao desaparecimento logo a seguir.

Seria verdadeiro dizer que é a humanidade aquilo que melhor poderia nos diferenciar e nos identificar enquanto espécie de Homo Sapiens, mas e quanto ao ser que realmente a realiza, e mais ainda, e quanto à realização em si deste ser? Seremos, ou poderemos nos chamar, em média, de humanos?

Ainda é melhor me referenciar a Homo Sapiens, pois humano, além de referir-se a espécie de forma geral, é no fundo muito mais do que somente uma pura e simples definição genética, sendo sempre em parte uma construção desta mesma genética. Sou genética e fenótipo, sou o definido e sou o construído, mas sou sempre muito mais o inconsciente do que o consciente, talvez nada seja de consciente, por mais que intuitivamente entenda a consciência como algo maior, talvez ela seja mera percepção, talvez seja apenas uma espécie de notícia que aflora do que realmente sou, quero, desejo, penso e construo inconscientemente. Sou minha mente, e minha mente é meu cérebro em plena emergência, realizando seu “funcional” em cada momento presente. Como o cérebro é plástico, sou eternamente um pouco diferente de mim mesmo a cada novo instante, sendo em parte a essência do que eu sempre fui.

Sou humano. Serei mesmo? Sou um na essência dos muitos que sou, e sendo muitos não deixo de ser um, sendo sempre, continuamente, novo e diferente, não necessariamente renovado ou melhorado. Sou um ser em transformação, na eterna realização de um presente que eternamente me modifica, por decomposição e por composição, por desconstrução e reconstrução, por destruição e construção.

Eu sou humano. Serei mesmo? Não basta genética para ser humano. Muito menos é preciso pedigree. Para ser humano necessito de humanidade. Serei, assim, mesmo humano?
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 30/11/2014
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