Romeu
Os animais são enternecedores. Têm uma forma de nos amar especial que nos toca muito profundamente.
Romeu se cola em mim pela casa toda. Sabe quando é para ir na rua e adora dormir com o focinho na minha cara. A interação entre os dois se faz com gestos de carinho. Sei que o amo e a sua companhia é fabulosa.
A minha vinda temporária até Portugal, que se estendeu em virtude da doença de minha mãe, assumiu um vazio, face à minha casa no Brasil, da minha vida pacata, na realidade.
No horizonte surgiu Romeu, um Labrador Retriever preto.
Fui buscá-lo na Estação de São Bento, no Porto. O dono ia trazê-lo no comboio das nove pois morava em Mira, em Aveiro. Houve ali um período de ansiedade. Cheguei mais cedo, esperei um pouco.
Valeu a pena, podem apostar. Quando o vi no colo todo preto, com um focinho mais lindo e aqueles olhitos. Não há palavras que descrevam o momento. Só queria pegar nele.
Trouxe-o de táxi para casa nas minhas pernas. Arranjei uma sombra de quatro patas. Romeu se preocupa com minha mãe também. Não é só gostar, ele a protege.
Doido, energia inesgotável e roedor assumido, já me comeu mais de metade dos móveis. Minha mãe, por seu lado, gosta dele, mas ao mesmo tempo tem ciúmes. Os dois é vê-los à mesa, ela comendo e ele sentado esperando o que cai. Minha mãe – quando não quer comer – pergunta se pode dar.
Romeu marca muitas coisas neste caminho da minha vida atual. Nesses degraus do quer que seja, assume um papel importante numa situação difícil.
O Romeu prima pela obediência. Se pendura em mim esperando beijos e abraços. Claro, o Romeu se abraça é um cãozarrão.
Eu amo o cão, não me perguntem porquê. Especial pela sua forma de estar, tal como todos os cães e gatos que tive. Até o canário, Tomás, teve a sua energia própria.
Cuido de Romeu e minha mãe. Ele é uma alegria em dias tristes. Dias desavindos, sem nexo. Perdidos no mais sombrio de mim. Minha mãe se perde e o cão me faz reencontrar.
Agora me perguntem porquê?
Nem sei responder…
Porque não tem resposta.
Decididamente, os animais são importantes na forma como vivemos, porque nos fazem mais felizes.