AFETIVIDADE NO CARNAVAL

É inegável a beleza do carnaval, que traz um certo torpor às pessoas, fazendo com que cantem, dancem, pulem, se alegrem e temporariamente se esqueçam dos seus problemas ou dramas... . Mas, mesmo diante deste cenário, eu e uma amiga optamos em ficarmos afastadas, filosofando... A pauta da noite foi - RELACIONAMENTO AFETIVO - extensão de diálogos mantidos com várias pessoas queridas, durante a semana.

As perguntas são sempre as mesmas: "por que continuamos sós? Onde está meu par?" - Estes questionamentos, busca, vazio, espera, ao contrário do que muitos pensam, não é exclusividade do universo feminino, de forma alguma, têm muitos homens nestas mesmas condições... Então, por que estas pessoas não se encontram e não se apaixonam?

Tenho amigas lindas, inteligentes e independentes, e também amigos interessantíssimos, apaixonantes, todos muito bem cotados, com vários pretendentes, entretanto, permeados por sucessivos desencontros, a vida imitando a arte de Carlos Drummond em Quadrilha: "João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém..." O que acontece?

Não tenho respostas, infelizmente. Invariavelmente quando os ouço, por ser tendenciosamente otimista, digo: "calma, uma hora a magia acontece", penso que este seja o caminho, ter tranquilidade, entrar no fluxo da vida, deixar contagiar-se pela alegria de viver, sem necessidade de envolver-se no cenário do carnaval, despojando-se das fantasias e ilusões efêmeras... Buscando identificar aquilo que realmente vale a pena, de forma a envolver-se com pessoas que acrescentem e cujas trocas, enriqueçam nosso mundo...

Porque às vezes, nesta ânsia de ter o seu alguém, escolhe-se o mais fácil, o que já se conhece, o que está à mão, e o resultado invariavelmente será catastrófico, no mínimo, a intensificação do vazio, a famosa solidão acompanhada... E passar um tempo conosco, nos amando, redescobrindo-nos, alimentando nosso intelecto e emoções, pode ser um lindo caso de amor...

Então, que seja esta tranquilidade a permear nosso vazio, a certeza que sempre haverá uma dobrada de esquina, como diz Ana Carolina: "Eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua."

E um Feliz Carnaval a todos! Seja na praia, no clube, na passarela, na piscina, no bar, no campo ou em casa... Mais importante que o lugar em que se está, é como se está, porque é irremediável, tudo, mas absolutamente tudo, começa a partir da gente, de dentro pra fora. E eu realmente acredito que, se queremos apenas (e isso não é pouco) amar e sermos amados, fatalmente iremos sê-lo.