Vida após a morte.

Eu não acreditava.

Cheguei a duvidar com muita veemência.

Ria com sarcasmo de quem vivia essa realidade.

Eu, de tão certo,descobri que sim, há sim,

vida após a morte......do facebook.

Encantado pela ideia do Deserto, resolvi abrir mão.

Após um longo período de reflexão,

percebi que era melhor não refletir.

Escolher e agir. Assim. Simples.

E descobri que há vida após.

Descobri que há voz ao invés de texto.

Que há gente além das fotos.

Descobri que há vidas além da linha do tempo.

Me encantei com a possibilidade

de um dia com mais horas.

Houve espanto quando vi que tem

gente, morando comigo, que fala.

E eu posso ouvir além de ler.

Experimentei a deliciosa descarga de

neurotransmissores que despertam prazer.

Ao ter que ligar para alguém e poder

saber que ela mesma me disse uma novidade

sobre a própria vida que eu só via na vitrine.

Descobri que posso buscar o outro.

Descobri que ainda sinto saudades.

Pois o outro não está exposto todo dia.

Encontrei minhas carências genuínas.

Eu nem sabia que ainda as tinha.

Criei uma conta e troquei as minhas carências

preexistentes pelas novas que a nuvem me deu.

Me impôs, me embebeu, não sei.

Mas fui eu.

O mesmo que um dia cedeu ao apelo.

Hoje faz um apelo. E desfia o novelo.

Há vida!

Há vida após a morte...

...morte do livro de rostos.