Depoimento

A verdade é que eu amo não ter o seu amor. Sim, eu amo a dor ridícula que causo a mim mesma, que escolho sentir dia após dia. Tu nunca me prometeras nada, nunca disse palavra alguma além do que me ofereceras. Aliás, essa foi uma de tuas maravilhas (tantas elas são): tu agia, tu estavas aqui. Nunca precisou dizer-me nada, proferir e dissecar o toque, apenas o dava sem aviso. Isso era teu mal, eu não acreditava em momento algum e de repente caia no chão por ti. Arrastava-me, dava tudo que nem ao menos sabia ter. Uma hora ou outra tu sumirás da minha cabeça, eu sei-- mas até lá eu lhe agradeço. Sem essa agonia do agora, que mais eu teria? Eu adoro a prisão bonita que é imaginar como pode ser dentro do teu coração.

Letícia Castor
Enviado por Letícia Castor em 15/03/2015
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