Todo eu

Todo eu é eternamente transformável, não existe um eu sequer que não se transforme continuamente, não obstante, ou até mesmo por isto, somos únicos, únicos por sermos irreprodutíveis, não porque sejamos imutáveis. A realização do viver, desde o útero de nossa mãe, aliado a carga genética que carregamos, são duais que se unificam na plasticidade natural de nosso cérebro. Se não nos destruirmos antes, chegará o dia em que poderemos criar cópias fiéis de nosso cérebro, que poderemos extrair cópias backup de nosso circuito neuronal, e que poderemos ter circuitos neurais não biológicos que poderão ser cópia fiel do processamento em algum instante de nosso complexo cerebral, mas mesmo assim, por mais não intuitiva que possa se mostrar, cada cópia, biológica ou não, de nosso cérebro dará origem a um eu único, mesmo que muito parecidos inicialmente, pois que cada um seguirá sua jornada de novas ligações neurais, reforço de outras, e de desligamento de outras mais, pela experiência que cada um venha a extrair de seu viver, isto porque a biologia neural simplesmente a torna maravilhosamente plástica e subjetiva.
Todo eu é eternamente transformável, não existe um eu sequer que não se transforme continuamente, não obstante, ou até mesmo por isto, somos únicos, únicos por sermos irreprodutíveis, não porque sejamos imutáveis.” Sou assim novo a cada instante, sou eternamente, enquanto vivo, um ser irreprodutível por inteiro, pois que cada cópia já terá sido um eu do passado, e por isso continuo sendo um novo eu agora, depois ou logo mais.
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 30/03/2015
Código do texto: T5189401
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