PENSAMENTOS ETÍLICOS

A frase que me vem a cabeça é "In vino veritas", ou "a verdade está no vinho". Talvez porque a verdade esteja na falta de inibição, na leveza, naquele momento despreocupado, de desatenção.

Escrevo depois de tomar algumas taças de vinho. E estou aqui a pensar na ideia de ser um bêbado. Sim, daqueles bêbados incorrigíveis, estilo Bukowski. Não tem como negar que é uma ideia extremamente sedutora.

Contudo, sem aquela outra máxima "Virtus in medium est" ou "A virtude está no meio", tudo se complica e qualquer tipo de embriaguez se torna problemática. Fato é que a sobriedade cansa, e seja lá qual for a sua maneira predileta de sair dela, há que se ter cautela.

Estar embriagado é sarcástico, é olhar para sobriedade e mandar ela pra casa do car@lho, debochar dela, ironizá-la, relegá-la a uma condição inferior.

Fato é que a embriaguez e a sobriedade são dependentes uma da outra: para se embriagar é preciso que se esteja sóbrio e a sobriedade pressupõe a ausência de embriaguez. Como interdependentes, uma não existe sem a outra.

Faça um experimento, observe bem de perto a sua embriaguez, nos mínimos detalhes, principalmente aquilo que você julga ser exclusivo dessa condição. Coisas como "só fiz porque estava bêbado" ou então "as drogas me tiraram do controle". Se atente detidamente a esses momentos, eles te dirão mais sobre você do que você imagina.

Com um sono típico de algumas taças de vinho, finalizo este texto com uma frase de uma banda muito querida por mim, City and Colour:

- "Maybe drinking wine will validate my sorrow

Every man needs a muse and mine could be the bottle"

Conca Castro
Enviado por Conca Castro em 02/04/2015
Reeditado em 02/04/2015
Código do texto: T5192079
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