Outonos transitórios
Ultimamente, me percebo calado. E quanto mais leio, mais me calo.
Momentos de profundas cirurgias... intelectuais, culturais e, até, espirituais.
À medida de uma reconstrução, é inevitável a sujeira e desordem dos escombros, dos murais derrubados, das paredes de concreto espesso agora em pedaços pelo chão; recolocação de lâmpadas novas nos postes velhos e até novos postes para cantos mal iluminados.
Caminhadas noturnas eram raras pela falta de iluminação, que propiciava somente o furto mental dos agentes mortais da ignorância.
Mas, à cada página virada, clicada, vasculhada, é como um bloco de composição do novo edifício; outrora opaco e desapercebido nas avenidas do cotidiano.
Acabo de entrar no outono, mas já não vejo a hora de vislumbrar a próxima primavera do ponto de vista de cada andar.