O SUPORTAR DO MUNDO

E hoje as minhas palavras são para aqueles que precisam de suporte

nessa vida (seja qual for – emocional, motivacional, introspectivo, cômico,

porém bem reflexivo). O que se faz hoje em dia se não suportar todos os dias o mundo afora, as desforras alheias e se não a nós mesmos.

Já dizia Drummond em seu poema:

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.

E as mãos tecem apenas o rude trabalho.

E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,

mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.

És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teu ombros suportam o mundo

e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue

e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo,

prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

A impressão que fica retratada nas palavras do autor é a insatisfação e

do inconformado com o mundo, toda as injustiças, a falta de amor, a frieza da alma instalada em um sentimento irredutível e quase sem expressão, o trabalho virou manejo causal e rotineiro quase sem roteiro de uma vida normal para o mundo do século atual. O estado de sofrimento que por vezes nos domam mas que diante desaprendemos a sofrer ou então guardamos a dor para nós mesmos e tal começa a agir em silêncio como um sussurro qualquer dentro d’alma (e por vezes soa como um grito enlouquecedor, aquela vontade monstruosa de soltar todas as suas dores num devastador grito que pudesse limpar a alma de uma vez por todas.

A impressão de que nascemos para virar um simples saco de pancadas

da vida, o sentimento da busca e a ideia de que nunca dá certo, o que o futuro nos reserva ou a dúvida cruel dele, as lágrimas diante de qualquer situação que te deixasse sentir a emoção a flor da pele, e até mesmo culpar o mundo de que nada dá certo e por fim o desânimo da vida e a vontade de querer desistir de tudo que sempre vem no pensamento (mesmo querendo, mas arruma algum jeito de não desistir, pois mais que queira vai à luta diante de tantos problemas e casos mal resolvidos).

O Sol nasce para todos e tenha certeza disso, tenha a garantia de ter

seu lugar ao Sol com a percepção de que o problema não está no clarão ardente do Sol mas aos motivos para viver a vida mais intensamente, pois sem sentido perdemos a razão de ser, brincar com uma realidade alternativa e inventar um mundo só nosso.

Suporta-se tudo, em especial as outras pessoas que convivem a nossa

vida, além de relações extras que algumas vezes temos a experiência de saber como são. Quase tudo é imprevisível, as pessoas então nem se fala. E lidar com nós mesmo requer cuidado e manejo, sendo donos do nosso próprio nariz e de ter “Ombros que suportam o mundo”. Carregamos uma história, temos ideologias, planejamos histórias e aventuras, nós iludimos se lambuzando com o doce das palavras e de meras expectativas.

A vida é como um senhor que se funde a nós, meros seres humanos

incapazes de lidar com quase tudo que há em volta, e que ao passar do tempo vai envelhecendo como efeito de ordem natural biológica e enferruja ou fica como um bom vinho antigo com sabor essencial e de bom proveito. No alcance da morte que chega sem ter hora marcada, talvez devagar ou até rápida demais, não deixe que nada interfira no suporte da vida, avante e escreva a história que tanto sonhou e quis para si mesmo.

Sabemos que não estamos sozinhos nessa vida, existe uma enorme gama de pessoas que também sofrem dos mesmos problemas, angustias, desaforos, tristezas, mas mesmo assim suportam o mundo com garra e determinação. Mas sempre há alguém bem pior e passando por problemas piores e que talvez nem saberíamos lidar direito. Viva la vida! Vamos em busca dos nossos sonhos e jamais deixar de existir em nossa própria vida, fazer história e mudar o destino para enfim vencer, e com a ideia de que possamos suportar nos ombros tudo e muito mais que a vida oferecer.

Brendel Luis Azevedo Souza
Enviado por Brendel Luis Azevedo Souza em 21/04/2015
Reeditado em 21/04/2015
Código do texto: T5215478
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